O FAST FASHION ESTÁ SE TORNANDO SUSTENTÁVEL?
- Comunicação e Marketing
- 24 de ago. de 2021
- 2 min de leitura
Duas áreas vistas como antônimas dentro da moda podem estar presentes em uma mesma marca e ainda serem autênticas a si mesmas?
Atualmente grandes marcas como C&A, Renner e outras fast fashions tem se
mostrado cada vez mais interessados na temática e ações ditas como sustentáveis, ao
mesmo tempo essas empresas possuem uma produção massiva de peças com novas
coleções semanalmente e o uso excessivo de fibras sintéticas. Com isso, por que
incorporar um discurso sustentável nesse sistema produtivo é atrativo para essas
marcas?
O tema sustentabilidade ganha força a partir do relatório de Brudtland (1987),
nesse período os olhares do mundo começavam a se voltar para os impactos causados
pela atividade humana e a necessidade de uma definição de desenvolvimento
sustentável para diminuir esses impactos. Já na moda a presença da sustentabilidade
aparece desde a década de 60, quando surgem as primeiras preocupações com os
impactos ambientais causados pela indústria têxtil (BERLIM, 2013).
Hoje pesquisas como a da ONG DoSometing mostram que o interesse da
geração Z está voltado para marcas que se mostrem engajadas com alguma causa.
Dessa forma, algumas pessoas do mercado de trabalho, como o CEO da First Insight,
Greg Petro, dizem que com a potência de consumo da geração Z as marcas devem se
impulsionar a práticas sustentáveis agora se quiserem continuar pois, a cada geração, a
sustentabilidade está mais inserida nas decisões de compra.

Com a maior consciência desses compradores, o varejo de moda não quis ficar
para trás e está voltando algumas das suas campanhas e projetos para a área. A C&A
possui alguns projetos como um relatório sobre a sustentabilidade na empresa, além
de linhas de produtos com fibras naturais. Já a Renner, que também possui algumas
coleções com fibras naturais, recentemente comprou uma startup de moda de segunda
mão chamada Repassa, onde os compradores podem enviar suas peças não usadas ou
em bom estado em uma “sacola do bem” e fazer a venda online dessas roupas que não
teriam uso.

(C&A)
Porém, ao mesmo tempo que as propostas sustentáveis estão presentes nessas
marcas o consumo é o grande norteador dos seus interesses, como podemos ver na
recente coleção anunciada pela C&A, a coleção terá a produção em 24h e têm como
principal objetivo incentivar a compra por impulso. Fora isso, grande parte dos
produtos feitos pelo varejo vêm de materiais oriundos do petróleo, que levam centenas
de anos para se decompor.
Obviamente, todas as propostas legítimas de projetos sustentáveis são bem
vindas, porém, nós como consumidores hoje temos que dar uma atenção maior a
marcas que se vendem como responsáveis e sustentáveis pois nem sempre a
sustentabilidade está para além das palavras ditas em uma campanha.
Hoje com a internet temos alguns meios de nos certificar sobre as ações de
algumas marcas como o índice de transparência na moda publicado anualmente pelo
Fashion Revolution e disponível para consulta, ou o aplicativo Moda Livre que rastreia
as ações feitas pelas empresas para evitar que na sua produção seja feita através de
trabalho análogo à escravidão.


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