CONSUMO NA MODA: VILÃO OU HERÓI?
- Comunicação e Marketing
- 28 de out. de 2021
- 3 min de leitura
A indústria da moda é baseada no consumismo, porém seu ritmo cada vez mais acelerado preocupa ambientalistas do mundo todo.
Por: Aurora Vinci
28 de Outubro de 2021
A sociedade globalizada e seu comportamento relacionado ao consumo vem se transformando rapidamente nos últimos cinquenta anos. E a indústria de têxtil e moda não ficou para trás, tendo criado o modelo de produção tão conhecido hoje em dia: o fast-fashion. Que se alimenta de forma extrema da relação estreita da moda com mudança, utilizando tendências rápidas como maior fonte de lucro.
A pandemia do COVID-19 evidenciou o fenômeno de tendências e renovação dentro da moda, no contexto da internet. Liderado pela Geração Z, o "TikTok" se tornou uma das principais redes sociais do momento e logo influencers de moda começaram a surgir no aplicativo. Esses perfis promovem as novas modelagens e estilos do momento, que começaram a se renovar de forma cada vez mais rápida. Os usuários, principalmente jovens e adolescentes, estavam consumindo mais conteúdo por estarem dentro de casa, por isso se cansavam rapidamente e logo passavam a desejar um novo tipo de roupa e acessório. E quem poderia arcar com esse tipo demanda exacerbada, por preços razoáveis? As grandes revendedora e marcas de fast-fashion, como Amazon, AliExpress e claro, Shein.

Fonte: TikTok (2021)
Porém, não é só a fast-fashion que se aproveita do novo ritmo acelerado do consumismo, marcas de luxo que se dizem mais sustentáveis e conscientes também se beneficiam dos novos costumes do mercado. A pandemia e a sensação recente de "pós-pandemia" nos países europeus e Estado Unidos escancararam a relação desse nicho do mercado da moda com o consumo.
Em 2020, durante a crise sanitária, as grandes marcas do mercado de luxo disseram que estavam repensando a ética por de trás do sistema de grande escala de produção. Algumas até anunciaram suas saídas do calendário oficial das Semanas de Moda, para focar em coleções com periocidades menos agressivas. Porém, a chegada de 2021 nos mostrou algo diferente. No momento em que eventos presenciais foram liberados, os desfiles e semanas de moda voltaram maiores e mais extravagantes do que antes - a moda estava de volta e o discurso de reflexão do ano anterior tinha sido engolido pelas vontades dos grandes empresários: consumo e lucro.

A única coisa que se pode concluir depois dos acontecimentos desse último ano é que aquele discurso de preocupação ambiental, trabalhista e social era pura jogada de marketing. Uma preocupação que era vendável de ser defendida na época, já que o assunto estava em voga no mundo inteiro e os consumidores estavam cobrando posicionamentos sobre o tema. E o que faz um cliente satisfeito que acredita nos valores de uma marca? Consome.
Falta de direitos trabalhistas, descarte de resíduos têxteis, gastos de recursos naturais para a produção têxtil e diversidade saíram da pauta de discussão da moda mainstream. Ainda assim, existem profissionais da área que estão debatendo esses temas extremamente relevantes. O movimento de moda sustentável está cada vez mais forte e levanta pautas importantes, criticando o processo atual e seus mecanismos.

E como fica o consumidor no meio dessa teia complexa de informações? Para Diane Crane, socióloga especialista da área, é necessária uma revolução da relação entre consumo X consumidor. Nós, como consumidores, devemos repensar como construímos nossa identidade através do consumismo. O consumo em si não é nem vilão, nem herói - porém ele precisa ter sua natureza radicalmente alterada, seu objetivo principal deve deixar de ser a obsolescência dos bens de consumo e sim ser de proteger o ambiente e conservar recursos. Se o consumidor tem ou não poder sobre essas mudanças é conversa para um outro artigo.
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