Bridgerton e a moda do século XIX
- Comunicação e Marketing
- 19 de abr. de 2022
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19 de Abril de 2022
Por Victória Guimarães
Colaboradora Alana Tavares
A segunda temporada de Bridgerton estreou na plataforma da Netflix no último dia 25 de Março. Produzida por Shonda Rhimes e baseada na série de livros de Julia Quinn, a obra se passa na Inglaterra da era regencial e tem como foco principal o romance, fazendo uma representação dos dramas e vivências de famílias aristocratas na época. A série - que foi lançada em 2020 e é agora uma das maiores produções da Netflix - traz diversas abordagens contemporâneas na adaptação dos livros. No entanto, a ambientação busca trazer os principais elementos que levem o espectador a se transportar para a época representada; entre eles, é claro, o figurino é um fator crucial.
A era regencial na Inglaterra corresponde ao período de 1812 a 1830, quando o rei George III foi declarado insano, dando lugar à regência de seu filho, George IV.
Com a Revolução Francesa ainda fresca na memória da Europa e do mundo, suas convicções foram também incorporadas na moda, como as silhuetas clássicas inspiradas pelos ideais greco-romanos.
A seda deu lugar ao uso de leves tecidos musselines, que davam maior movimento em vestidos de estrutura mais reta e próxima ao corpo. A linha da cintura alta, marcada logo abaixo dos seios e com um decote baixo e levemente quadrado, é um dos elementos mais associados à moda do início do século XIX, sendo conhecida como “Empire Style”. Esse estava também frequentemente ligado a pequenas e bufantes mangas, que restringiam o movimento dos braços a uma noção de delicadeza e elegância.

Empire Style do séc. XIX (Jane Austen Centre, 2022)

Más Notícias - Pintura de Marguerite Gérard, 1804
Todos esses elementos de silhueta estão presentes nos vestidos das personagens de Bridgerton, principalmente Daphne Bridgerton e Edwina Sharma, respectivamente protagonistas da primeira e segunda temporadas.
Por outro lado, a fidelidade histórica não está presente em todos os aspectos. A figurinista da série, Ellen Mrojnick, tomou algumas liberdades criativas a fim de contribuir para a narrativa; cores fortes, cristais Swarowski e perucas coloridas são alguns dos itens que não existiam no período retratado, mas que foram adicionados principalmente para acentuar as diferenças de personalidade entre alguns personagens. Como por exemplo os Featherington, família de novos ricos, em contraste com os Bridgerton, família já consolidada na alta sociedade inglesa.


Daphne Bridgerton e Edwina Sharma com a silhueta clássica.


Irmãos Bridgerton (primeira foto) e Portia Featherington (em pé) e suas três filhas (segunda foto).
Outro item apresentado que difere da realidade é o corset. Esse é mostrado já na primeira cena do primeiro episódio da série, enquanto uma das irmãs Featherington grita e é apertada por uma criada a fim de caber perfeitamente na peça. A cena possui um teor cômico e busca retratar uma das várias opressões impostas à mulher da época. No entanto, o corset do período da regência não era tão restritivo como apresentado na série. Na realidade, eles eram feitos de algodão macio com uma estrutura de ferro ou madeira, com a finalidade de dar maior suporte ao torso e à coluna. Feitos de modo a abraçar gentilmente as curvas do corpo, não eram de forma alguma desconfortáveis da forma como são vistos atualmente. Vale a pena ler essa matéria da Smithsonian sobre o tema.
Entretanto, não dá pra negar o empenho com o qual os figurinos de Bridgerton foram feitos e a beleza que possuem. Mrojnick relatou ter feito mais de 1000 peças para cada personagem principal da série durante seu processo criativo. Portanto, vale a pena conferir a série e ver esses looks ganhando vida na tela.
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