BASQUIAT – Vida, Arte & Moda
- Comunicação e Marketing
- 11 de out. de 2024
- 4 min de leitura
Ao caminhar em um ambiente urbano, notamos que ao nosso redor há um mundo repleto de arte contemporânea. Jean-Michel Basquiat foi um dos precursores em trazer a arte de rua para os holofotes da mídia, mas você sabe qual é a sua relação com a moda?
Por Kaio Antonio Bispo
11/10/2024
Um dos maiores fenômenos do cenário artístico dos anos 80, Basquiat nasceu no Brooklyn e se conectou com o desenho ainda na infância, enquanto rabiscava papéis em branco que eram descartados pelo seu pai após um dia de expediente no trabalho. O que inicialmente representava apenas um passatempo logo mostrou ao garoto um caminho significativo para o futuro.
Sua mãe, Matilde Andradas, foi a fonte de toda sua inspiração e motivação durante a sua ascensão à fama. Eles costumavam visitar com frequência os museus da região, e ela foi responsável por presentear o jovem artista com um livro de anatomia, que se tornaria uma peça primordial em sua vida, servindo de repertório para suas obras no futuro.
“Declaro que minha mãe me deu todas as coisas primárias. A arte veio dela”. — Basquiat, em uma entrevista de 1986.
SAMO: Tudo começou no grafite
Após viver alguns períodos conturbados em sua vida pessoal, Basquiat começou a expressar suas insatisfações por meio da arte nas ruas. Em parceria com seu amigo Al Diaz, eles criaram o projeto “SAMO”, que corria contra os ideais estabelecidos na época. A arte consistia em intervenções urbanas que mesclavam poemas de cunho político e desenhos que não se preocupavam com a "perfeição", já que a ideia era criar um personagem no qual ambos pudessem se refugiar para expressar seus sentimentos.
A sigla S-A-M-O, em uma interpretação livre, nos apresenta a expressão “SAMe Old Sht”, que pode ser entendida como “A mesma merda de sempre”, ironizando as críticas de que o grafite seria algo uniforme e sem variações significativas entre os artistas.

O projeto teve vida curta, mas serviu como ponto de partida para Basquiat, que em um futuro não muito distante estaria ao lado de nomes excepcionais no mundo da arte, graças ao seu trabalho nas ruas.
A ascensão do gênio juvenil e Madonna
Após atuar sob o pseudônimo “SAMO”, Basquiat começou a ganhar destaque no mundo da arte de maneira instigante. Ele possuía um espírito livre e não via limites em transformar qualquer objeto em arte. Costumava pintar móveis descartados, como geladeiras, mesas e cadeiras, apenas por diversão. Em uma ocasião, chegou a pintar a parede do apartamento de um amigo sem permissão, enquanto estava hospedado no local.
Ele também vendia camisetas e cartões de visita personalizados para garantir renda. Em uma dessas tentativas de vender suas obras de forma independente, conheceu Andy Warhol em um restaurante. O artista da Pop Art decidiu apoiar Basquiat, e os dois logo construíram uma amizade que combinava o senso de juventude de Basquiat com a bagagem artística de Warhol.

A ligação com Warhol proporcionou a Basquiat várias oportunidades, desde frequentar festas badaladas promovidas por Andy até expandir sua rede de contatos. Nesses círculos, ele conheceu personalidades como Madonna, com quem especula-se que tentou manter um relacionamento, embora poucos detalhes sejam conhecidos.
Basquiat também conheceu Keith Haring, que o incentivou a continuar promovendo o grafite em suas obras, e David Bowie, que mais tarde interpretaria Warhol em um filme biográfico de Basquiat.
Obra avaliada em 110 milhões de dólares
Um dos maiores traços de personalidade de Basquiat era sua maneira única de enxergar o mundo. Em suas obras, podemos perceber seu senso de rebeldia e uma visão crítica da sociedade contemporânea, sempre mesclando mensagens impactantes com pinceladas que refletiam os eventos de sua vida.

Entre seus maiores legados está a obra “Profit 1”, na qual Basquiat expressa a pressão que sofria dos galeristas, que criticavam a falta de temas atrativos para os compradores. A pintura retrata uma figura sobrecarregada e desconfortável, cercada por pinceladas bruscas. Outra obra de destaque é “Untitled (Skull)”, considerada por muitos como a mais importante de sua carreira. A pintura de uma caveira característica foi vendida em 2017 por 110 milhões de dólares, marcando um dos maiores lances em obras de arte até hoje.
Através de suas telas, Basquiat impactou diversas pessoas que se identificavam com suas ideias. Além disso, ele foi responsável por estabelecer tendências que futuramente seriam fonte de inspiração para designers de moda em todo o mundo. A seguir, veja como o impacto dele mantém uma relação íntima com a moda no cenário urbano.
Enaltecendo o estilo das ruas
Como já mencionado, é impossível pensar em Basquiat sem visualizar o ambiente urbano como seu habitat natural. Desde cedo, o artista carregava a filosofia do que hoje chamamos de streetwear, um estilo que enaltece a vida urbana e busca expressar esse ideal por meio da moda. Elementos desse estilo frequentemente refletem a cultura das cidades, influenciados pelo hip-hop e pelas artes de rua, como o grafite.
Dentro desse estilo, é comum encontrar peças jeans personalizadas, jaquetas e calças amplas, além de uma variedade de acessórios que remetem aos princípios do movimento. Abaixo, destacamos quatro exemplos de como o legado de Basquiat encontrou espaço na moda através de colaborações com grandes marcas.
Reebok x Basquiat
Homenagem de Reebok para Basquiat / via bitsmag.com
A Reebok, marca conhecida por suas interseções com movimentos artísticos, lançou a coleção de tênis “Reeboppers” em homenagem ao artista.
Valentino Autumn/Winter 2006-2007
Valentino Autumn/Winter 2006-2007 / via gettyimages.com
A estamparia utiliza muitos elementos inspirados no grafite. A influência de Basquiat ultrapassou as fronteiras da arte de rua e conquistou o público da moda.
Donna Karan Spring/2015
Donna Karan Spring 2015 / via nowfashion.com
Nesta coleção, traços de tinta são organizados de maneira abstrata, lembrando o estilo do grafite de Basquiat.
Comme Des Garçons Spring/1987

Pensando na arte de rua como um momento político, a moda estava passando por uma transformação. A marca de Rei Kawakubo ficou conhecida por interpretar elementos “imperfeitos” nas roupas, e Basquiat chegou a desfilar como modelo para a marca em 1987.
A arte de Basquiat, que abordava temas como identidade, racismo e vida urbana, sem dúvida continuará a inspirar gerações de artistas.
Gostou do texto? Acompanhe a TramaJr no Instagram, TikTok, Facebook e LinkedIn!
Comments